Será a Bíblia Confiável?

Durante toda a história da Era Cristã e, em particular, desde o tempo do Iluminismo do século XVIII, muitos céticos têm questionado a confiabilidade da Bíblia. O recente surgimento do pós-modernismo trouxe consigo uma nova onda de questionamentos a respeito da confiabilidade da Bíblia. Neste pequeno texto, examinamos várias áreas de evidência que apoiam a conclusão de que a Bíblia é, de facto, confiável.

O autotestemunho da Bíblia

A Bíblia afirma ser verdadeira e totalmente digna de confiança, insistindo em dizer que a sua mensagem vem, em última análise, do próprio Deus. No Antigo Testamento (AT) há cerca de 1600 repetições de quatro palavras hebraicas (em quatro frases diferentes e com pequenas variações) que indicam explicitamente que Deus falou: “declara o Senhor”, “assim diz o Senhor”, “e Deus disse”, “a palavra do Senhor”. Vários escritores do Antigo Testamento afirmam que o que está nas Escrituras é verdade plenamente confiável (II Samuel 7:28; Neemias 9:13; Salmos 19:7-9; 119:142, 160; Daniel 10:21). As principais palavras em hebraico para “verdade”, emunah e emet, implicam uma noção específica de “confiabilidade”.

O próprio Jesus afirmou, sem hesitar, a confiabilidade das Escrituras: “a tua Palavra é a verdade” (João 17:17); “a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35). Os escritores do Novo Testamento (NT) insistem em que as Escrituras são inspiradas por Deus. Por isso, o texto sagrado é plenamente confiável (II Timóteo 3:16; II Pedro 1:21).

Confiabilidade textual

Primeiro, examinemos a confiabilidade dos manuscritos do texto bíblico nas suas línguas originais, o hebraico e o aramaico (AT), e o grego (NT). A história de como o texto bíblico foi transmitido revela como ele tem sido preservado cuidadosamente ao longo dos séculos até aos dias de hoje. Quanto ao AT, durante as décadas anteriores à II Guerra Mundial, críticos eruditos subestimaram o texto recebido (massorético) hebraico e aramaico. Nessa época, o manuscrito mais antigo datava de aproximadamente 900 d.C., e as edições críticas do hebraico bíblico propunham milhares de supostas emendas ao texto. Porém, desde 1947, com a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, contendo a totalidade ou fragmentos de cada livro do AT, exceto o de Ester, os especialistas têm-se deslumbrado, ao descobrir como os Massoretas passaram, praticamente sem nenhuma modificação, a tradição textual de mais de mil anos.

No que diz respeito ao NT, a quantidade de evidências escritas para o texto grego é muito mais disponível do que para qualquer outro documento do mundo antigo. Existem mais de cinco mil manuscritos gregos de alguma parte ou de todo o texto neotestamentário; cerca de dois mil lecionários gregos (compilações do NT organizadas de acordo com a ordem do uso litúrgico); cerca de oito mil manuscritos em latim; mais de mil manuscritos de outras versões antigas (siríaco e cóptico); e milhares de citações de todo o NT de diversos Pais da Igreja Primitiva. Conclusão: a quantidade real de variações relevantes entre esses manuscritos é mínima e não afeta nenhuma questão material do facto histórico ou da fé e da prática cristãs.

Confiabilidade textual

Diferenciando-se dos textos sagrados da maioria das outras religiões, a Bíblia está repleta de referências históricas, sendo, portanto, passível de verificações cruzadas com outras fontes. Numerosos exemplos têm sido apresentados para se demonstrar as alegadas imprecisões históricas da Bíblia. Contudo, essas alegações têm sido repetidamente desmascaradas, à medida que antigos registos históricos vão surgindo. Desde o século XIX, em particular, as contribuições da Arqueologia para esclarecer dúvidas e ajudar na refutação de críticas, tendo em vista a compreensão da história bíblica, têm sido muito úteis. Dezenas de exemplos poderiam ser mencionados, mas destaca-se apenas um, que é paradigmático.

O estilo dos povos e dos Impérios mundiais do Próximo Oriente e do mundo greco-romano tem muito de propaganda e de lisonja, que leva a não registar as derrotas nem as falhas pessoais dos reis. Ao contrário, os registos bíblicos não encobrem as derrotas de Israel em algumas das suas batalhas, nem sequer as falhas morais de figuras históricas (por exemplo: Génesis 27; II Samuel 11 e 12). Conclusão: a história bíblica é, na realidade, mais fiel aos factos da vida do que os escritos históricos das nações circunvizinhas.

Confiabilidade profética

O que mais distingue a Bíblia dos textos sagrados de outras religiões e de toda a literatura antiga é a sua afirmação de antever com precisão o futuro distante. De todos os 31 124 versículos da Bíblia, 8352 deles (cerca de 27% do total) contêm algum tipo de predição. Deus, através do profeta Isaías, desafiou os chamados deuses do antigo Próximo Oriente a provarem a sua existência por meio da sua habilidade de predizer o futuro (Isaías 41:22-24): “Revelem-nos o que vai acontecer no futuro e saberemos então que sois verdadeiramente deuses.” Também o próprio Jesus afirmou (João 14:29): “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.”

Lembramos mais alguns exemplos bíblicos de predições incrivelmente precisas. Já no tempo de Jacob, Deus predisse que o Messias viria da tribo de Judá (Génesis 49:10). Depois, foram preditos o nascimento virginal de Cristo (Isaías 7:14), o lugar do Seu nascimento (Miqueias 5:2) e o Seu crescimento na Galileia (Isaías 9:1 e 2). O livro de Daniel profetiza o tempo exato da vinda de Jesus, o “Ungido”, incluindo o Seu batismo e a Sua morte (9:24-27). As profecias de Daniel (VI século a.C.) também previram o curso exato da história universal com os Impérios mundiais sucedendo-se (capítulos 2, 7 e 8):  Babilónia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma e os reinos divididos.
O profeta Ezequiel predisse a queda da cidade de Tiro, dando pormenores impossíveis de serem humanamente antecipados (capítulo 26). Calcula-se que poderia haver uma única hipótese em 75 milhões de que todos esses factos, quanto à destruição de Tiro, se cumprissem como foram preditos. Estas e muitas outras predições cumpridas constituem uma poderosa evidência da confiabilidade da Bíblia.

Confiabilidade científica

Embora a Bíblia não afirme ser um livro sobre Ciência, faz declarações sobre Cosmologia e fenómenos da Natureza que revelam uma notável confiabilidade e um grande rigor, apesar de certas declarações contrárias de alguns críticos. Por exemplo, desde o capítulo 1 de Génesis, a Bíblia hebraica descreve a Terra não como um disco plano mas com uma forma esférica suspensa no Espaço – “expansão” ou “céu” (ver Isaías 40:22; Job 26:7; 28:24-
-26). O relato da Criação (em Génesis 1 e 2, os quais são complementares) tem sido desconsiderado por peritos bíblicos e por cientistas, preferindo-se a Teoria da Evolução naturalista. Entretanto, têm surgido muitas evidências, em anos recentes, a favor de um paradigma alternativo, o Projeto Inteligente. Um crescente número de cientistas tem optado por crer na criação da vida na Terra em seis dias literais, em vez de acreditar na evolução darwiniana ou teísta.

Outros textos bíblicos descrevem com precisão o ciclo hidrológico do Planeta (Job 36:27 e 28); as correntes globais dos ventos (Eclesiastes 1:6 e 7); as correntes oceânicas (Salmo 8:8); e a impossibilidade de contar as estrelas e de medir a areia do mar (Jeremias 33:22). Muitos outros exemplos, ilustrando a confiabilidade científica da Bíblia, poderiam ser citados nas áreas da Hidrologia, Geologia, Astronomia, Meteorologia, Biologia e Física. Em conclusão, a Palavra de Deus é surpreendentemente atual acerca dos princípios de vida saudável e da higiene de vida. Dezenas de textos bíblicos já afirmam, há 3500 anos, muitas das conclusões da Ciência de hoje. 

Confiabilidade teológica e espiritual

A harmonia de todo o texto bíblico é evidente. A notável unidade e consistência dos temas bíblicos centrais, apesar de compostos durante um período de 1600 anos e por cerca de 40 escritores diferentes (II Pedro 1:21); a arte literária da poesia e da narrativa bíblica, corroborada pela sua elegância estética; a profundidade do pensamento teológico; e os mistérios que vão sendo continuamente revelados, são evidências da inspiração de um Autor Divino, grandioso e majestoso (Salmos 92:5; 119:17-19; Romanos 11:33-35). Também convém realçar o poder moral das Escrituras de transformar a vida das pessoas (Hebreus 4:7, 12; João 17:17). A Bíblia contém mais de cinco mil promessas e convida o leitor a reclamar essas promessas e a provar, por si mesmo, a confiabilidade espiritual da Sagrada Escritura (II Pedro 1:1-7).

A prova suprema da confiabilidade da Bíblia é a experiência espiritual e o testemunho interior do Espírito Santo no próprio ser humano (Salmo 34:1, 4, 7 e 8, 15-19). A Bíblia é, de facto, a plenamente confiável Palavra de Deus – uma Palavra de Esperança! ¬